domingo, 20 de maio de 2012

O resto, é resto.



         Ela abriu a boca, mas não conseguiu pronunciar nenhuma palavra. Não conseguiu dizer o que estava pensando. Não conseguiu falar qualquer tipo de verdade que estava querendo ser expulso coração afora. E as pessoas a observavam atentamente, procurando qualquer tipo de reação ou ação. Esperavam ouvir o que queriam, e não o que ela carregava no peito. Queriam ouvir que o mundo era perfeito e que todas as pessoas eram felizes, mas a realidade não era aquela, e ela sabia daquilo, e não queria mentir. Não mais uma vez. Contou uma, duas, três vezes e respirou de novo. Quando enfim, as palavras saíram de sua boca.
         -Podem espalhar placas pelas ruas; “Amor de graça”. Espalhem, por favor. Ponham na frente de escolas, nas praças públicas, na porta da prefeitura. “Abraços, não se paga”. –suspirou ela e observou o rosto de cada pessoa a sua volta. –Não quero mais fingir, nem esconder nada. Não quero mais viver nesse lugar, onde tudo é cobrado, até mesmo o comportamento de uma pessoa. Onde um quer comprar o coração do outro com objetos e dinheiro, sem ao menos se darem conta de que o maior preço a ser pago pelo coração, pelo amor, é acreditar nele. Acredite no amor, e você estará comprando muito mais do que catálogos lhe mostram. Não acredite no que a cultura diz. Não acredite no que você ouve. Acredite em si mesmo, olhe em volta, e veja o que faz o seu coração sorrir. O resto, é resto. –foi só o que ela disse, antes de virar as costas e deixar todos para trás com seus pensamentos profundos... 

Um comentário:

  1. Boa tarde Hellen,

    Gostei muito do seu blog e já estou seguindo, o texto que escreveu é excelente e parabéns e continue assim.

    Tenho um blog e lhe convido para conhecer, segue link:

    http://devoradordeletras.blogspot.com.br/

    Abçs.

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