sexta-feira, 25 de maio de 2012

Eu, você, e o céu estrelado...


         Hoje me vi olhando para o céu e o admirando por estar tão limpo... A lua estava à amostra, com apenas algumas nuvens a sua volta, mas não tinha estrelas. Soube na mesma hora que era por causa das luzes da cidade, e me vi imaginando uma praia deserta, á noite. Afundei em um mar de pensamentos e deixei que a imaginação fluísse. Pude ver perfeitamente a praia, em seguida, o céu tão estrelado que parecia que a galáxia estava mais perto de nós. Então vi um carro parado na areia, com o facho dos faróis iluminando o nada. Em seguida, nos vi em cima do capô do carro. Eu estava sentada de encontro ao seu peito, e seus braços me envolviam com carinho. Pude sentir o meu coração acelerar e os meus lábios sorrirem... Era tudo tão real, que mal dava para acreditar que era tudo apenas imaginação... Quase consegui sentir o seu cheiro sendo levando pelo vento da maresia. Ergui minha cabeça e encarei seu rosto por um segundo. Você estava olhando para as estrelas, e jurei para mim mesma que poderia ter passado o resto da minha vida alí, observando seu rosto contra o céu estrelado, combinando as cores de seus olhos com o azul-noturno perfeito do céu. Mas no momento seguinte, você abaixou os olhos e sorriu ao me ver te observando. Vi em seus olhos carinho e amor. Sorri de volta e prendi minha respiração enquanto você aproximava seus lábios dos meus... Era tudo o que eu mais precisava. Eu, você, o silencio da noite sobre um céu estrelado, escutando as ondas baterem na areia, com o vento nos envolvendo e fazendo de tudo, uma coisa só... Mas então toda a cena se desfez aos poucos, como aquarela na água, e me vi encarando céu sem estrelas, e me senti exatamente como a lua; sozinha e abandonada no céu...  


domingo, 20 de maio de 2012

O resto, é resto.



         Ela abriu a boca, mas não conseguiu pronunciar nenhuma palavra. Não conseguiu dizer o que estava pensando. Não conseguiu falar qualquer tipo de verdade que estava querendo ser expulso coração afora. E as pessoas a observavam atentamente, procurando qualquer tipo de reação ou ação. Esperavam ouvir o que queriam, e não o que ela carregava no peito. Queriam ouvir que o mundo era perfeito e que todas as pessoas eram felizes, mas a realidade não era aquela, e ela sabia daquilo, e não queria mentir. Não mais uma vez. Contou uma, duas, três vezes e respirou de novo. Quando enfim, as palavras saíram de sua boca.
         -Podem espalhar placas pelas ruas; “Amor de graça”. Espalhem, por favor. Ponham na frente de escolas, nas praças públicas, na porta da prefeitura. “Abraços, não se paga”. –suspirou ela e observou o rosto de cada pessoa a sua volta. –Não quero mais fingir, nem esconder nada. Não quero mais viver nesse lugar, onde tudo é cobrado, até mesmo o comportamento de uma pessoa. Onde um quer comprar o coração do outro com objetos e dinheiro, sem ao menos se darem conta de que o maior preço a ser pago pelo coração, pelo amor, é acreditar nele. Acredite no amor, e você estará comprando muito mais do que catálogos lhe mostram. Não acredite no que a cultura diz. Não acredite no que você ouve. Acredite em si mesmo, olhe em volta, e veja o que faz o seu coração sorrir. O resto, é resto. –foi só o que ela disse, antes de virar as costas e deixar todos para trás com seus pensamentos profundos...