Hoje me vi olhando para o céu e o
admirando por estar tão limpo... A lua estava à amostra, com apenas algumas
nuvens a sua volta, mas não tinha estrelas. Soube na mesma hora que era por
causa das luzes da cidade, e me vi imaginando uma praia deserta, á noite.
Afundei em um mar de pensamentos e deixei que a imaginação fluísse. Pude ver
perfeitamente a praia, em seguida, o céu tão estrelado que parecia que a
galáxia estava mais perto de nós. Então vi um carro parado na areia, com o
facho dos faróis iluminando o nada. Em seguida, nos vi em cima do capô do
carro. Eu estava sentada de encontro ao seu peito, e seus braços me envolviam
com carinho. Pude sentir o meu coração acelerar e os meus lábios sorrirem...
Era tudo tão real, que mal dava para acreditar que era tudo apenas
imaginação... Quase consegui sentir o seu cheiro sendo levando pelo vento da
maresia. Ergui minha cabeça e encarei seu rosto por um segundo. Você estava
olhando para as estrelas, e jurei para mim mesma que poderia ter passado o
resto da minha vida alí, observando seu rosto contra o céu estrelado, combinando
as cores de seus olhos com o azul-noturno perfeito do céu. Mas no momento
seguinte, você abaixou os olhos e sorriu ao me ver te observando. Vi em seus
olhos carinho e amor. Sorri de volta e prendi minha respiração enquanto você
aproximava seus lábios dos meus... Era tudo o que eu mais precisava. Eu, você,
o silencio da noite sobre um céu estrelado, escutando as ondas baterem na
areia, com o vento nos envolvendo e fazendo de tudo, uma coisa só... Mas então
toda a cena se desfez aos poucos, como aquarela na água, e me vi encarando céu
sem estrelas, e me senti exatamente como a lua; sozinha e abandonada no céu...
sexta-feira, 25 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
O resto, é resto.
Ela abriu a boca, mas não conseguiu
pronunciar nenhuma palavra. Não conseguiu dizer o que estava pensando. Não
conseguiu falar qualquer tipo de verdade que estava querendo ser expulso coração
afora. E as pessoas a observavam atentamente, procurando qualquer tipo de reação
ou ação. Esperavam ouvir o que queriam, e não o que ela carregava no peito. Queriam
ouvir que o mundo era perfeito e que todas as pessoas eram felizes, mas a
realidade não era aquela, e ela sabia daquilo, e não queria mentir. Não mais
uma vez. Contou uma, duas, três vezes e respirou de novo. Quando enfim, as
palavras saíram de sua boca.
-Podem espalhar placas pelas ruas; “Amor
de graça”. Espalhem, por favor. Ponham na frente de escolas, nas praças públicas,
na porta da prefeitura. “Abraços, não se paga”. –suspirou ela e observou o
rosto de cada pessoa a sua volta. –Não quero mais fingir, nem esconder nada. Não
quero mais viver nesse lugar, onde tudo é cobrado, até mesmo o comportamento de
uma pessoa. Onde um quer comprar o coração do outro com objetos e dinheiro, sem
ao menos se darem conta de que o maior preço a ser pago pelo coração, pelo
amor, é acreditar nele. Acredite no amor, e você estará comprando muito mais do
que catálogos lhe mostram. Não acredite no que a cultura diz. Não acredite no
que você ouve. Acredite em si mesmo, olhe em volta, e veja o que faz o seu
coração sorrir. O resto, é resto. –foi só o que ela disse, antes de virar as
costas e deixar todos para trás com seus pensamentos profundos...
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